quarta-feira, 29 de abril de 2009

Deixei-me ficar

Deixei-me ficar. Nao diria exactamente a dormir à sombra da bananeira (até porque, agora que o escrevo, já nao estou tao certo do que isso significa), mas bastante satisfeito com o meu último post.
Confiando que o mundo é pequeno e que a blogoesfera o diminui (mas afinal parece que é ao contrário), acreditando que estou apenas a seis pessoas que se conhecem de qualquer pessoa que nao conheço, achei até muito provável que aqui aparecesse na caixa um comentário do ALA, ou do próprio ASV. Vai-se a ver, nada.
Mas nao desanimei. Só que, entretanto, tenho estado a escrever uma segunda história da Margot (é verdade, depois do estrondoso fracasso da primeira!), que me consumiu todo o tempo extra. Agora que acabei, corri para aqui, mas só para avisar que estou vivo. Há ainda um IRS para entregar (emigrámos, mas trouxemos as facturas da farmácia), e depois é que volto em força.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Saltei do sofá



Saltei do sofá, quando vi passar na televisao, por uns instantes muito breves, o pavilhao de portugal. Saltei do sofá é uma forma de expressao, para saltar do sofá era preciso estar sentado no sofá, ter-me sentado no sofá, e eu tenho a sensaçao de que ainda nao me sentei no sofá desde que viemos para aqui. Nao que nao tenhamos sofá, temos sofá, quer dizer a senhoria tem um sofá na sala da casa que lhe pertence, é um sofá verde desmaiado para combinar com a alcatifa beje parda, que estava atravessado na diagonal da sala quando chegámos e que foi a primeira coisa que mudámos, porque nos fazia espécie aquilo nao estar direito, entrar na sala e ve-lo assim de esguelha, ou sentarmo-nos nele, se nos sentássemos, que nao sentamos, e vermos a sala toda de esguelha, a olhar para nós. Se eu fosse o antónio lobo antunes escrevia mais ou menos assim, mas a casa era em benfica ou em paço de arcos, nao era aqui. Aqui, de repente passar ali na televisao o pavilhao de portugal é uma coisa assim insólita, daquelas que nos fazem saltar do sofá, e eu fiquei especado a olhar para lá, para a televisao, nao para o sofá, para tentar perceber o que se passava, se era uma campanha turística do governo ou se era uma reportagem sobre o siza derivado ao prémio que recebeu aqui em inglaterra, as imagens iam passando e eu já nem sei bem o que vi, aquilo que vi nao encaixava com o que eu estava à espera de ver, com o que eu queria ver, e por isso nao retive o que vi. Depois já quase no fim é que percebi que afinal aquilo era um anúncio, porque tinha qualidade de imagem e ritmo de anúncio, som nao sei se tinha, talvez nao tivesse som, o anúncio tinha com certeza, mas a televisao devia estar sem som, e lembro-me de pensar, olha foram filmar isto a lisboa, mas por que terá sido? ainda sem perceber o que era o anúncio, o que é que o anúncio anunciava, terá sido por causa do sol, terá sido por causa dos custos de produçao, achei que o pavilhao e a pala eram um cenário como outro qualquer, talvez a seguir aparecesse a torre de belém ou os jerónimos, a expo ou moscavide, moscavide nao, que disparate, mas eu ainda nao estava a perceber nada, ainda nao estava a perceber que a pala era a protagonista do anuncio, até que mesmo no fim ela voltou a aparecer, muito evidente como sempre mas ainda assim discreta lá ao fundo, tenho a certeza que aparecia alguém à frente, gente espontanea e sorridente, e letras que anunciavam o produto, que eu li sem ler, e só no anúncio seguinte é que percebi que tinha lido, só quando já nao podia voltar a ver é que percebi o que tinha visto, por que é que o foram filmar a lisboa, por que é que nao filmaram a torre de belém nem os jerónimos, mas filmaram duas vezes a pala, porque afinal aquilo era um anúncio de pantiliners.