quarta-feira, 9 de junho de 2010

terça-feira, 8 de junho de 2010

Notícias do jardim

A arvorezinha do canto sobreviveu à poda e está verdejante. O arbusto que plantei era de folha caduca (nao estava a morrer). O alecrim resitiu ao Inverno e já solta cheiro. A hortela rebentou viçosa. O pé-de-feijao semeado num copo da escola foi transferido com sucesso.
A salsa (ou eram coentros?) nunca chegou a sair da terra. A relva nesta altura cresce a uma velocidade estonteante. As flores amarelas afinal sao infestantes, tenho que ir comprar produto. É mesmo difícil cortar a sebe direita.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Faltam 8 dias

Impressao minha, ou isto é um discurso perfeitamente desconexo?
Do pouco que se consegue perceber, à partida para a fase final do mundial, as ideias mais fortes do seleccionador de Portugal sao «convicçao», «fé», «alegria» e «carinho». Sobretudo «carinho» (repetido 5 vezes). No balneário, já sabemos, ele lembra os jogadores que sao capazes de fazer coisas bonitas. Aconselha-os a jogarem o jogo pelo jogo, a arriscarem ser felizes e a tentarem encontrar-se com o golo (parece que ele tem um feeling).
A minha opiniao vale o que vale. É certo que a minha carreira de jogador foi curta e irrelevante. Mas todos os treinadores que conheci cuspiam para o chao e berravam com a malta; no intervalo corrigiam-nos os erros e davam-nos conselhos úteis, do género «vai à linha e centra», «faz tabela com o teu colega e desmarca-te», «vem buscar jogo atrás», «nao vás à-queima», «segura a bola até teres apoio» ou mesmo «se sentires um toque atira-te para o chao»; e nenhum, mas nenhum mesmo, nos deixava voltar ao campo sem gritar: «Vamos lá, C******!»
Eu nao quero exagerar, mas tenho cá para mim que manter o Prof. Carlos Queirós à frente da Selecçao Nacional é assim mais ou menos o mesmo que insistir no Dr. Eduardo Sá para orientar uma companhia de Comandos do Exército. Está-se mesmo a ver que é o homem certo.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Slow

Eu, que no dia 25 de Dezembro de 1984 pela hora do almoço já tinha gasto as pilhas do meu novo walkman a tocar e a rebobinar isto constantemente, estaria a mentir se dissesse agora que nunca gostei de slows. Mas disfarçava bem: só fraquejava se sozinho, no quarto, ou se bem acompanhado, no recato das discotecas que naquele tempo faziam matinées.

Enfim, coisas que já lá vao. Em passando a adolescencia, a malta acelera sempre. A vida é para viver, e nao há livro do MK nem filme do JT que nos convençam a faze-lo devagar, em vez de depressa. Se bem me lembro (nao lembro nada, mas invento), foi até por esta altura que duas novidades vieram precipitar a minha vida num ritmo frenético.

O drive through do McDonald’s na 2ª circular permitia-me jantar fora em quinze minutos; o microondas, que a mae comprou quando finalmente se convenceu que nao era cancerígeno, permitia-me faze-lo em apenas tres! Nao é portanto de estranhar que, na vertigem dos acontecimentos fugazes, o fizesse quase sempre várias vezes ao dia, e que o meu relógio biológico se tenha transformado num metrónemo implacável.

Mas, nos ultimos tempos, as coisas entre mim e a fast food já nao eram o que tinham sido. E tudo piorou agora muito recentemente, quando comprámos a slow-cooker. Já ouviram falar? Na realidade, nao é propriamente uma coisa nova – apareceu nos EUA, na década de 70 - mas deste lado do Atlantico nao teve grande divulgaçao, até hoje.

Uma slow-cooker é uma panela especial, feita de um sucedaneo do barro com grande inércia térmica, que se monta em cima de uma resistencia eléctrica, e onde se cozinha lentamente, a muito baixas temperaturas. É como nas Furnas: os ingredientes sao todos colocados ao mesmo tempo, quase nao se junta água e nunca se destapa; cozinha horas a fio, mas é praticamente impossível ficar desfeito ou queimar, vai apenas sempre apurando, até à hora de ir para a mesa.

O resultado é fabuloso, posso confirmar. Os sabores libertam-se, distribuem-se e impregnam-se nos alimentos. Nao vou armar em chef, mas é o ideal para guisados, estufados, caldeiradas, cataplanas e afins. Tanto à carne como ao peixe, o segredo parece ser juntar bastante acompanhamento, daquele que “ensopa”: batata, cenoura, abóbora, massa, arroz, etc... O vinho branco é imprescindível, e vamos agora começar a explorar as ervas aromáticas.

Claro que estreámos a slow-cooker num domingo. Por volta do meio-dia, eu fui tratar do almoço e a Ana começou a fazer o jantar. Nessa tarde nao saímos de casa. Em boa verdade, nessa tarde quase nao saímos da cozinha: andámos sempre de roda da panela, a ler e reler as instruçoes, a verificar os botoes, a apalpar de lado para ter a certeza que aquecia, que se mantinha quente ou que nao aquecia demais, a abrir uma frincha da tampa: pequena para observar o interior, mas suficiente para ir sentindo o aroma.

O jantar do dia seguinte foi preparado ainda nessa noite, depois de eu ter submetido a panela ao derradeiro teste do esfregao e do escorredouro (nao suporto peças que guardam água nos rebordos interiores quando sao postas a escoar). Sendo 2ª feira um dia de trabalho, a slow-cooker trabalhou o dia todo: entre a minha saída de casa e a chegada da Ana, passaram cerca de 10 horas. Ao serao, o jantar estava delicioso: parecia feito pela minha avó - elogio supremo, mas nunca verbalizado, devido a uma certa irascibilidade da cozinheira.

Terá portanto sido na 2ª feira pela noitinha que, depois de deitar as meninas, eu me sentei refastelado no sofá da sala e, só à laia de curiosidade, me pus a somar kilowatts. Ora vao sete, noves fora nada, isto vezes 600 minutos... Ups!!

Por esse preço mais valia encomendar do Tavares todas as noites.

Para evitar tentaçoes, escondi a panela na garagem e andei a semana toda a pensar numa forma de reduzir o tempo de confecçao para umas razoáveis, e mais do que suficientes, 5 horas diárias. Depois da Ana se ter mostrado indisponível, e da directora da escola ter recusado dispensar a Sara uns minutos ao princípio da tarde, para virem num instantinho a casa ligar o aparelho, percebi que estava por minha conta.

Foi entao que, inteiramente na minha cabeça e sem ajuda de ninguém, eu cheguei à conclusao de que nao deveria ser muito difícil instalar ali uma espécie de relógio, que ligasse e desligasse a panela sozinho, a horas pré-determinadas. Reparem que eu nao estou a falar de domótica, nem de tecnologia de ponta, era só uma geringonça daquelas simples, que estao sempre a fazer tic-tac e fazem trim às vezes.

Sendo todavia incapaz de a conceber eu próprio, estava já disposto a explicar a situaçao ao meu sogro, a escutar as suas instruçoes e, depois de finalmente me assumir de todo incapaz, a pedir-lhe que me fizesse um e a pagar-lhe os portes para que mo enviasse. No cúmulo da excitaçao, cheguei mesmo a pensar oferecer-lhe uma percentagem do dinheiro que ia ganhar quando patenteasse e comercializasse o meu genial produto! Uma autentica revoluçao: o acessório imprescindível da slow-cooker, pelo qual todas as mulheres americanas ansiaram por mais de tres décadas!

Felizmente, restava-me um pouquinho de senso. E, antes de fazer figura de estúpido perante o mundo inteiro e o meu sogro, resolvi ir ali a uma loja de material eléctrico que fica no centro da vila. Do outro lado do balcao, uma senhora dos seus cinquenta anos ouviu pacientemente as minhas atabalhoadas dúvidas e explicaçoes, e depois respondeu. «Entao o que voce quer é um socket timer!?». Seja.

Foi buscá-lo ao expositor, e passou-mo para a mao: duas libras e trinta. Nao sao tao caros como eu estava à espera, mas de certeza que se vendem milhoes, e estao a fazer a fortuna de algum espertalhaço, algures na Índia ou na China. Já eu, acho que terei de esperar por outra oportunidade: desta vez estive perto, mas parece que fui um bocadinho too slow.

Aqueles que duvidam

parecem ter-se esquecido que ele sempre procurou os melhores parceiros para fazer este género de dupla. Reparem na inteligencia, no sentido de humor e na cumplicidade destes dois, e depois digam-me que nao acham plausível!?