segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Near miss

Há dois anos atrás, quando aceitei a proposta para o meu actual emprego, recusei o convite destes.

sábado, 27 de novembro de 2010

Loucura

Nao é que a Ana e eu estivéssemos a atravessar nenhuma crise. Mas claro que uma relaçao a partir de certa altura beneficia muito com uns pequenos estímulos deste género. Nao imaginam o desvario que vai nesta casa, desde que descobrimos isto na internet. Se nao tem crianças por perto nem nenhum colega indiscreto a espreitar por cima do ombro, carreguem neste link.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A Matilde

A 25 de Abril de 2005, quando a Ana e eu corremos para a Maternidade, acho que pensei que seria apenas mais um episódio, a juntar a todos os outros que aquelas 25 semanas de gravidez já nos tinham proporcionado: translucencias desmedidas da nuca, amniocentesis feitas a dois tempos, estenoses nanométricas de vasos sanguíneos detectadas em incríveis ecocardiografias... Quando, no dia seguinte, a recepcionista me disse que os médicos se tinham visto obrigados a precipitar o parto, na minha completa ignorancia, enchi-me de alegria.
Claro que, na incubadora, achei a Matilde pequenota e magrita, mas nem por um segundo desmoralizei. Ao chegar ao pé da Ana, levava o meu sorriso de "tudo está bem quando acaba bem" e bem parvo lhe devo ter parecido. Ela tinha uma ideia muito diferente, e obviamente muito mais acertada, do que significava aquele nascimento prematuro. Eu só percebi a dimensao do problema quando pedi para falar com o médico de serviço, porque queria informá-lo da estenose previamente diagnosticada, e ele me disse: «Neste momento, essa é a menor das nossas preocupaçoes!».
Note-se que, até há dois dias atrás, essa era a maior das minhas preocupaçoes. Mas eu tinha lá alguma vez pensado que os bebés assim, nascidos e mantidos dentro de um hospital, podiam alguma vez nao sobreviver!? Os dias seguintes foram passados quase sem dormir, de olhos fixos num monitor com tres valores, que oscilavam ligeiramente e de vez em quando vinham apitando por aí a baixo de uma maneira que parecia irrecuperável. Terá sido só ao fim de duas ou tres semanas que as coisas nos pareceram suficientemente estáveis para acreditarmos num milagre: a Matilde ia viver.
Depois começou outra luta: porque, afinal de contas, muitos dos grandes prematuros sobrevivem, mas frequentemente com sequelas dos tratamentos a que foram sujeitos. A lista dos orgaos que nesta fase ainda nao estao completamente desenvolvidos e cujo desempenho pode vir a ser comprometido nao deixa nada de fora: cérebro, ouvidos, olhos, pulmoes, fígado, rins, sistema nervoso... devo estar a esquecer-me de qualquer coisa. De cada vez que a enfermeira tinha que subir a concentraçao de oxigénio no ventilador, ela estava provavelmente a salvar a nossa filha, mas também a aumentar o risco de a incapacitar de alguma forma para o resto da vida. E, no entanto, mais uma vez a Matilde voltou a passar por entre a chuva sem se molhar, e isso talvez tenha sido um milagre ainda maior do que o primeiro.
Quando essas hipóteses mais sombrias foram afastadas, a pediatra explicou-nos que agora a Matilde havia de começar a recuperar o tempo perdido e, aos poucos, aproximar-se dos patamares de desenvolvimento das crianças nascidas de termo. Uma coisa para ir acompanhando de forma tranquila, acrescentou em resposta ao nosso ar inquisitivo, já que é completamente imprevisível e demora sempre alguns anos!
Mas tranquila é que a coisa nao é. O nosso coraçao palpita de emoçao e deslumbramento, de cada vez que a nossa minúscula filhota aprende ou faz qualquer coisa nova. Que ela, tal como todas as meninas, consiga ler, fazer contas, decorar cancoes, executar coreografias, saltar à corda a pés juntos para trás, andar de bicicleta sem rodinhas ou simplesmente dar estalinhos com os dedos é, para nós, ainda hoje, a continuaçao daquele milagre de há cinco anos.
A Matilde? A Matilde é um milagre da Natureza.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A Sara

Nós aqui, sem as novelas da TVI, às vezes damos por nós a conversar ao jantar. Um destes dias, enquanto púnhamos a mesa, entre a cozinha e a sala, fui explicando à Sara que lhe ia propor um enigma. Isto com miúdas resulta sempre e, embora apenas conseguisse ouvir parte da conversa, a Ana também ficou logo em pulgas: «Um enigma?»
«É um enigma matemático!», disse eu. Esperava da minha filha uma reacçao semelhante à que eu tive, quando há muitos anos pedi um joguinho electrónico ao Pai Natal e ele, em vez de naves e tiros ou, pelo menos, labirintos e maças, me trouxe um em que tínhamos que fazer contas de cabeça para dar as respostas certas, e quantas mais acertávamos mais perguntas ele nos fazia, e também cada vez mais rápido, até que ou começávamos a falhar ou a deixá-las por responder e acabávamos por morrer esmagados num canto do ecran. Mas ela nao pareceu incomodada com o tema, e eu continuei: «O papá vai dizer uma sequencia de números, e tu...»
«Ah, e eu tenho que continuar, nao é? Boa, adoro isso! Lá na escola às vezes fazemos isso.». «Ok, filha! Mas esta é capaz de ser mais difícil, está bem?». Senti-me um pouco cruel, porque o enigma que estava prestes a propor-lhe era a sequencia de Fibonacci. Francamente, nao é coisa em que pense todos os dias; mas, nessa manha, eu próprio tinha ficado especado a olhar para ela num passatempo de jornal e acabado por recorrer às soluçoes. Antevia, portanto, um serao longo e animado.
Geri um bocadinho a expectativa, até que estivéssemos todos sentados à mesa, e depois enunciei: «1...1...2...3...5...8...». Começou um burburinho, sucederam-se as perguntas, instalou-se a confusao. «Repete lá, repete lá, que eu nao estava a ouvir.». «É só um, ou é um e depois um outra vez?». «Ah, já sei: sao os números primos!». «Nao sao nada! Entao desde quando é que o oito é um número primo?». «E se fossem os números primos por que é que eu dizia duas vezes o um?». «O pai disse oito? Nao ouvi o oito!». «Disseste oito, nao disseste?». «Disse: 3...5...8...». «Entao e os uns?». «Desculpa, estava a dizer só a parte final!». «Entao diz lá outra vez, do princípio!». Disse. Depois fez-se silencio.
Bebi um golinho de vinho e fiquei a saborear o momento. A Ana absorta de olhos no tecto. A Sara a remoer de olhos no prato. A Matilde intrigada a pensar quem seriam os primos dos números. Comecei a comer devagar. Pouco depois, a Sara estava outra vez a pedir-me para repetir. «Sabes,» disse eu, soerguendo-me já meio arrependido, «assim é capaz de ser muito difícil. É melhor o papá escrever num papel, porque visualizando...»
«Já percebi!», interrompeu-me a minha filha. «Somas os dois últimos para descobrir o seguinte, nao é?» A Ana pareceu acordar de repente: «O que é que ela disse?» E eu: «É... A Sara adivinhou!» Só para ter a certeza, ainda lhe perguntei afinal qual era o próximo número. «É treze: 3...5...8...13! É, nao é?». «É.»
Enquanto a Ana fazia contas e eu me recompunha do choque, a Sara quis saber: «Oh pai, podes perguntar outro? Tens mais enigmas?». «Posso... Espera lá um bocadinho enquanto eu penso noutro...». E ela, logo de seguida: «Oh pai...». «Espera um bocadinho, filha...». «Nao é isso, pai! Nao há mais esparquete, pai?»
A Sara? A Sara é uma força da Natureza.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O filho da Rose

Se há estatística em que o Reino Unido lidera destacado na Europa, é no número de adolescentes abençoadas com a graça da maternidade. Mas uma coisa é o Reino Unido, outra coisa é a escola das minhas filhas... Algo está muito errado, quando isso acontece numa escola Primária Católica!
Quando a Rose anunciou que ia ter um bebé, toda a gente achou que era a mae que estava grávida: que ela ia ter um maninho. Ninguém terá olhado por mais do que um segundo para a barriguita que se escondia dentro do uniforme, ou se olharam nao acharam possível.
Pois é. Mas, para espanto geral, na semana passada a Rose entrou na escola com o filho nos braços. Felizmente é de borracha: afinal, a Rose só tem cinco anos e anda na turma da Matilde. Nada, claro, que a impeça de saber o que é melhor para o seu menino: para começar, chamou-lhe Miguel!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Magnificos dias assim

Sextas-feiras sao sempre menos más.
Mas quando já se esvaziou a gaveta na véspera e se vai só de manha, para dar um beijinho aos colegas antes de rumar a um restaurante com esplanada junto ao rio, sao de certeza magníficas.
Da minha parte, só uma preocupaçao: está tudo ok com a internet lá por casa?

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Língua Materna


Mae: Oh Matilde, tu sabes qual é o contrário de apertar?
Matilde: Nao...
Mae: Nao sabes? Entao e o contrário de abrir? Esse sabes, nao sabes?
Matilde: Nao...
(Todos ao mesmo tempo)
Mae: Nao sabes? Como é que nao sabes? Cá para mim...
Matilde: Oh Mae, eu nem sei o que é que é o contrário!
Pai: Oh Matilde, o contrário é o opposite!
(Silencio)
Matilde: Aah! É o opposite!?
Mae: Sim, é o opposite. Entao vá, diz-me lá qual é o contrário de abrir!
Matilde: To shut.

domingo, 7 de novembro de 2010

Novo capacete





A celebrar os 38 em versao ecológica.

Hoje fiz anos

Nao fiz posts

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Eu antes pensava

que nao ter tempo para se coçar era só uma força de expressao.