sábado, 29 de janeiro de 2011

Young Architect Wanted

O crime que tem chocado o Reino Unido aconteceu em Bristol, nao em Nova Iorque.
Joanna Yates, uma jovem arquitecta paisagista, desapareceu em meados de Dezembro. O cadáver só viria a ser encontrado, coberto de neve numa beira de estrada, no dia de Natal.
Inicialmente, as suspeitas recaíram sobre o senhorio. Um homem de aspecto sinistro, com o cabelo comprido escovado de um lado para o outro da cabeça, escondendo a careca no topo (um penteado que eu julgava só existir em Portugal e que merecia, só por si, pena de prisao efectiva). Embora depois de interrogado tenha sido posto em liberdade, o senhor continuou ser, para a opiniao pública, de tao feio e à falta de alternativa, o presumível culpado.
Eis senao quando, na semana passada, foi detido um outro homem: o vizinho de Joanna, um arquitecto holandes de 32 anos. Alto, bem parecido, parece que inteligente e bem educado, com namorada e emprego estáveis. A cara dele até me faz lembrar um bocado um amigo meu chamado Rogério, embora isso nao queira dizer nada, porque o Rogério era um tipo um bocado irascível, sobretudo se desconfiava que estavam a fazer pouco dele ou do irmao.
Seja como for, choca um bocado ver um colega suspeito de uma coisa assim. Ainda se a vítima fosse engenheira electrotécnica ou de águas e esgotos... Mas uma paisagista nao faz mal nenhum, caramba! Enfim, há que confiar na justiça, e dar-lhe tempo para esclarecer o mistério. Só espero, entretanto, que a animosidade da populaça nao se estenda a todos os arquitectos estrangeiros, jovens, bonitos e simpáticos.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Humor Britanico

A gente aí fala muito do humor britanico, mas eu aqui ainda nao consegui perceber bem o que isso é. Já vou compreendendo a maior parte das piadas - presumo que seja o primeiro passo; mas o difícil é estabelecer-lhes um padrao ou identificar-lhes as particularidades comuns.
Deixo aqui para amostra uma rapidíssima sequencia de emails que me fizeram todos rir, cada um de sua forma. É conversa entre arquitectos de vários ateliers que se juntam para jogar futebol às quartas-feiras ao fim do dia. A confirmaçao das disponibilidades e o alinhamento das equipas sao feitos através de mails de grupo que vao circulando entre todos os seleccionáveis, praticamente até à hora do encontro. Isto é um extracto fiel do mais recente, ao qual só retirei os apelidos e os endereços de email para "proteger o anonimato dos intervenientes" como fazem os blogues à séria.


Subject: Re: DYNAMO WEDNESDAY -12th January Teams

On 12/1/11 at 11:25, David wrote:
Simon,
Looks like I'll be out for a bit. Results from latest scan/test suggest its been labyrinthitis.
Balance and vision still a bit dodgy. First touch is about the Alastair level which gives an indication of how long the road to recovery will be!
Cheers
David


On 12/1/11 at 15:53, Ian wrote:
Labyrinthitis? Isn’t that disappearing up your own arse?
Get well soon!
Ian


On 12/1/11 at 16:01, Daniel wrote:
Or do you have to play dressed as David Bowie?


On 12/1/11 at 16:07, Mark wrote:
C’mon Lads show a bit of sympathy here - Dave’s been running down blind alleys for years.


On 12/1/11 at 16:10, Paul wrote:
Running’ is a bit of a generous word?


On 12/1/11 at 16:14, Daniel wrote:



quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Isto sou só eu?

Ou voces também, agora com esta coisa dos iPods e dos iPhones, parece que estao sempre na iminencia se trocarem e de dizerem um grande palavrao?
A cautela que é preciso ter!, para falar deste assunto sem meter o pé na poça, quando a nossa filha de dez anos vem tentar cravar-nos um, ao fim de um dia de trabalho, com base no argumento de que a Phoebe já tem os dois...

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Aprender portugues

A meu pedido, este ano foi a avó Luísa quem fez de Pai Natal consciencioso e enviou para a Matilde dois livros com fichas de trabalho do 1º ano do ensino básico (ainda é assim que se diz?). Isto porque andávamos um pouco preocupados com o catch up que ela tem que fazer em relaçao à portuguesa língua, now that o seu english progride at light speed.
Comovedor o entusiasmo com que ela os recebeu e tomou como mais uns passatempos, umas actividades para se divertir. Espantosa a facilidade com que começou a ler e a escrever em portugues, distinguindo rapida e intuitivamente as diferentes correspondencias entre grafemas e fonemas, numa e na outra língua. Faz quando lhe apetece, ao ritmo de uma página por dia.
Nós vamos acompanhando. A boa notícia é que o Raposinho ainda nao adoptou o Acordo Ortográfico. A má é que também nao fez o mínimo esforço de actualizaçao de conteúdos, desde há pelo menos 32 anos. Lá estao ainda, tal como eu me lembrava deles, o Pedro, o Paulo e o Pai, todos entretidíssimos a lançar o piao.
Claro que o problema da Matilde nao é ler piao, nem escrever piao: o problema dela é o que é que é isso, um piao!? E como é que eu lhe explico? Eu também fiz a Primária, e a Secundária toda, sem nunca ter visto um piao. Durante anos, o mais parecido que eu vi com um piao foi o negativo do piao: a cicatriz que o bico tinha deixado nas costas da mao do meu pai, desde o tempo em que era ele o menino.
Agora que penso nisso, nao sei se essa história estaria um pouco romantizada... A verdade é que eu já era crescido, quando o meu pai foi atacado por um saudosismo qualquer, que o fez comprar um piao dos antigos e demonstrar a sua técnica à minha frente. A coisa foi de tal modo reveladora, que muito me espanta que a cicatriz nao lhe cobrisse também cabeça, tronco e membros...
Seja como for, o que eu queria aqui pedir - se por acaso os editores do Raposinho me estiverem a ler - era que dessem lá um jeito nas fichas, porque assim ninguém - sobretudo nenhum estrangeiro - vai querer (ou conseguir) aprender portugues. A prioridade é, obviamente, substituir a palavra piao. E dou já daqui a minha sugestao: Playstation.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Filmes, Cidades, Saudades

Entre as melhores recordaçoes de quem deixa uma cidade, estao sempre alguns filmes e certos cinemas.
Mas eu nao sinto a falta do Quarteto, nem do King, nem sequer do Nimas. O que de repente me deixou com saudades de Lisboa foram estes dois pequenos filmes amadores, seis minutos no total, da Festa de Natal da Fundaçao Musical dos Amigos das Crianças.
Parabéns à Catarina e ao Joao, e também aos pais justamente embevecidos.

sábado, 1 de janeiro de 2011

2011

Com este novo ano, entramos na década que fará de todos nós uns esplendidos quarentoes.
A primeira a ser beneficiada será a mana mais velha, nascida em 1971. A seguir serei eu, que nasci em 1972. Depois a mana mais nova, que nasceu em 1974 e logo de seguida a Ana, que nasceu em 1975. E por aí fora...
Em 1973? Nao sei se nasceu alguem. Mas aconteceu isto:

da medicina privada - II

De maneira que agora, aqui em casa, quem recorre a um médico privado é sempre olhado de lado.
Eu, por exemplo, acho que a Ana podia muito bem suportar as dores de dentes até irmos a Portugal e ofereço-me sempre para lhe marcar consultas gratuitas com o meu irmao. Só me deixei convencer porque cá no Reino Unido as grávidas e maes recentes tem direito a tratamentos integralmente pagos pelo Estado.
Já a Ana desconfia muito da necessidade e do real benefício dos tratamentos osteopáticos às minhas costas e, às meninas que perguntam por mim, diz sempre que estou «nas massagens». Acho que só se deixou convencer porque, em vez da Cindy ou da Sue, escolhi ser tratado pelo Tom.
O Tom é porreiro. Mas o problema nao é ele ser ou nao ser porreiro, o problema é ele ser um miúdo. Os jogadores de futebol ainda vá; agora quando os médicos sao tao mais novos, saudáveis e bem-dispostos que nós, torna-se difícil de engolir. Claro que a juventude do Tom tem vantagens: trabalha até tarde, está empenhadíssimo no caso, ouve-me com atençao e faz sessoes bem puxadas. 
Profissionalmente, nao tenho nada a criticar ao Tom. O que talvez ainda lhe falte é aquela maturidade, aquele  tacto na relaçao com o paciente, que só a experiencia ensina. Nomeadamente, acho chato ele ter um livro sobre anatomia equídea em cima da secretária. Que ele se interesse pelo assunto, nada contra; mas deixando-o ostensivamente à vista do paciente, corre o risco de transmitir a ideia que preferia estar a tratar cavalos em vez de pessoas, ou que está a tratar pessoas como quem trata cavalos.
Outro exemplo foi a lista de recomendaçoes que me fez depois da primeira consulta. Disse-me que nao podia carregar pesos, que tinha que passar a dormir mais horas, que devia tomar banhos de imersao prolongados e fazer exercício com regularidade. Nesse dia cheguei a casa uma hora e meia mais tarde do que o habitual. A Ana ouviu-me repetir a lista, passou-me o Miguel para o colo e comentou: «Acho bem. Vais começar a trabalhar em part-time, nao é?».
Eu, culpado que sou de usar este blog para fazer queixinhas da minha mulher, desta vez dou-lhe toda a razao. Entao isso sao coisas que se sugiram a um homem da minha idade, que trabalha oito horas sentado à secretária, que perde duas horas por dia em comboios e que tem tres filhos, um dos quais recém-nascido? Banhos tépidos e prolongados? Uma coisa é ser pago, outra coisa é ser um vendido!