O crime que tem chocado o Reino Unido aconteceu em Bristol, nao em Nova Iorque.
Joanna Yates, uma jovem arquitecta paisagista, desapareceu em meados de Dezembro. O cadáver só viria a ser encontrado, coberto de neve numa beira de estrada, no dia de Natal.
Inicialmente, as suspeitas recaíram sobre o senhorio. Um homem de aspecto sinistro, com o cabelo comprido escovado de um lado para o outro da cabeça, escondendo a careca no topo (um penteado que eu julgava só existir em Portugal e que merecia, só por si, pena de prisao efectiva). Embora depois de interrogado tenha sido posto em liberdade, o senhor continuou ser, para a opiniao pública, de tao feio e à falta de alternativa, o presumível culpado.
Eis senao quando, na semana passada, foi detido um outro homem: o vizinho de Joanna, um arquitecto holandes de 32 anos. Alto, bem parecido, parece que inteligente e bem educado, com namorada e emprego estáveis. A cara dele até me faz lembrar um bocado um amigo meu chamado Rogério, embora isso nao queira dizer nada, porque o Rogério era um tipo um bocado irascível, sobretudo se desconfiava que estavam a fazer pouco dele ou do irmao.
Seja como for, choca um bocado ver um colega suspeito de uma coisa assim. Ainda se a vítima fosse engenheira electrotécnica ou de águas e esgotos... Mas uma paisagista nao faz mal nenhum, caramba! Enfim, há que confiar na justiça, e dar-lhe tempo para esclarecer o mistério. Só espero, entretanto, que a animosidade da populaça nao se estenda a todos os arquitectos estrangeiros, jovens, bonitos e simpáticos.