quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Aprender portugues

A meu pedido, este ano foi a avó Luísa quem fez de Pai Natal consciencioso e enviou para a Matilde dois livros com fichas de trabalho do 1º ano do ensino básico (ainda é assim que se diz?). Isto porque andávamos um pouco preocupados com o catch up que ela tem que fazer em relaçao à portuguesa língua, now that o seu english progride at light speed.
Comovedor o entusiasmo com que ela os recebeu e tomou como mais uns passatempos, umas actividades para se divertir. Espantosa a facilidade com que começou a ler e a escrever em portugues, distinguindo rapida e intuitivamente as diferentes correspondencias entre grafemas e fonemas, numa e na outra língua. Faz quando lhe apetece, ao ritmo de uma página por dia.
Nós vamos acompanhando. A boa notícia é que o Raposinho ainda nao adoptou o Acordo Ortográfico. A má é que também nao fez o mínimo esforço de actualizaçao de conteúdos, desde há pelo menos 32 anos. Lá estao ainda, tal como eu me lembrava deles, o Pedro, o Paulo e o Pai, todos entretidíssimos a lançar o piao.
Claro que o problema da Matilde nao é ler piao, nem escrever piao: o problema dela é o que é que é isso, um piao!? E como é que eu lhe explico? Eu também fiz a Primária, e a Secundária toda, sem nunca ter visto um piao. Durante anos, o mais parecido que eu vi com um piao foi o negativo do piao: a cicatriz que o bico tinha deixado nas costas da mao do meu pai, desde o tempo em que era ele o menino.
Agora que penso nisso, nao sei se essa história estaria um pouco romantizada... A verdade é que eu já era crescido, quando o meu pai foi atacado por um saudosismo qualquer, que o fez comprar um piao dos antigos e demonstrar a sua técnica à minha frente. A coisa foi de tal modo reveladora, que muito me espanta que a cicatriz nao lhe cobrisse também cabeça, tronco e membros...
Seja como for, o que eu queria aqui pedir - se por acaso os editores do Raposinho me estiverem a ler - era que dessem lá um jeito nas fichas, porque assim ninguém - sobretudo nenhum estrangeiro - vai querer (ou conseguir) aprender portugues. A prioridade é, obviamente, substituir a palavra piao. E dou já daqui a minha sugestao: Playstation.

7 comentários:

pmarques disse...

mau, mau! ainda não foi assim há tantos anos que recebeste um convite (de envaidecer) acompanhado de um pião! e não é playstation, é consola de jogos!

arnage disse...

da-lhe pmarques e por mim podes usar um piao!!!

ai jtubarao, jtubarao...

capacete disse...

Oh Pmarques, depois de tantos anos, ja devias saber como funciona o Capacete: podes contar sempre com a sua amizade, nunca com a sua memoria.
De qualquer forma, esse convite e' inesquecivel; mas confesso que entendi o piao mais como uma metafora do que outra coisa qualquer!
Insisto que e'um objecto perigosissimo, que devia estar atras de vitrines e nunca 'as maos de miudos (nem de graudos)...

pmarques disse...

e é uma metáfora, por isso continua a aparecer nestes livros de actividades. assim como os telefones de disco. mas tens razão começa a ser cada vez mais difícil explicar-lhes o que isso é e para que serve.

BU! disse...

um piao é o que acontece a um carro que apanha óleo na estrada!

rantanplan disse...

Pronto, vou meter um no correio: do terceiro mundo para a civilização, certo?

pmarques disse...

ontem vi um bocado de panda biggs e lá estavam uma animação de miudos, de cabelo no ar, a lançar uns piões de "última geração". vou perguntar à c o que era e depois digo-te. o tubarão ía inventar um nome qualquer, não se pode confiar!