sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Encarrilar

Desde o princípio desta semana, temos uma vida normal.
Vai para cinco dias inteiros que nesta família nao há ninguém doente nem desempregado (touch wood): a Matilde está na creche, a Sara na escola, a Ana na fábrica e eu no atelier. A nova rotina obrigou a ajustes no horário de toda a gente; mas, passados já quatro meses desde a mudança, é com grande alívio que vemos as coisas finalmente a encarrilar.



Encarrilar é sempre bom, excepto quando se vai de scooter. Perdoar-me-ao os meus amigos da grande concentraçao de Faro, mas, por estes dias, voltei à minha condiçao de motard nao-praticante: descontando o gorro de la com que enfrento o frio pela manha, o único capacete que uso é o telepático. E agora sao os carris (do comboio) que me levam para o trabalho e me trazem para casa.
Mas claro que ainda aprecio ver. Um destes dias, sei lá porque, voltei a lembrar-me do Caro Diario. Como eu gostei desse filme! E ainda nunca tinha andado de lambreta na vida, nem sonhado ter uma...
Aliás, nao resisti à tentaçao de ir à net, para tentar perceber uma ou duas coisas: o filme estreou em 1993 (há quinze anos!) e, de repente, recordei-me que a primeira vez que o vi foi mesmo em Itália, porque estava lá a trabalhar com a minha amiga Daniela Scaminaci, que na altura era também uma trintona desiludida com o Partido Comunista. Ainda na mesma ficha técnica, o filme aparece classificado como Biografia | Comédia | Drama. Para mim, fez-se luz: é exactamente isso que eu gosto num filme, de preferencia servidos indistintamente uns dos outros.
O terceiro capítulo provoca-me suores frios. O segundo faz-me rir a bandeiras despregadas. O primeiro é uma delícia, e eu identifico-me com aquilo do princípio ao fim: desde o deambular arquitectónico, com banda sonora gingona do Leonard Cohen, até à homenagem ao Pasolini, ao som profundo do Keith Jarret e pontapés na bola para o ar. Mas pelo meio, há ainda um episodio um pouco esquecido, que é este:



Eu também gostava de saber dançar. Mas a cena está aqui por outra razao. O post é que já vai longo, por isso deixo aqui a dúvida a pairar... a ver se os meus brilhantes leitores estao atentos, e percebem sozinhos.

PS: «Encarrilar» é que é uma palavra estranha. Mas nao será com certeza «encarrilhar», nem «encarrileirar», que se diz, e muito menos que se escreve. Salvo prova em contrário, aqui no blog vou manter esta grafia, que corresponde a en + carril + ar: a acçao de subir (ou de entrar) para os carris. Nao confundir com «encarilar», que é o mesmo, mas para o caril.

4 comentários:

Anónimo disse...

Um capacete a desafinar?.. não estou a ver...

Os comboios tb têm a sua mística, não? E realmente a aproximação deste capacete às concentrações de Faro levanta-me sérias dúvidas...

Mtos bjs e lagarto, lagarto, lagarto para azares!!

JoanaM disse...

Bom saber que tudo corre sobre rodas, ou sobre carris.
Hoje R. pediu para convidar a Matilde da Musica para os anos dela (que são em Março, mas ela estava já a fazer uma lista)
Bjs para todos,
Joana

Anónimo disse...

já me disseram que nao posso falar com as minhas amigas aqui neste espaço, mas mais uma vez tem que ser, o capacete que me desculpe!

Que bom ter-te aqui Joana. Ficámos muito contentes por sabermos que ainda fazemos parte dessa lista tao anticipada. A Matilde sorriu ao saber.

gd beijinho para todos

capacete disse...

ai ele desafina?
mas nao, a analogia é outra...