quinta-feira, 12 de março de 2009

Done?

Nestes útlimos dias, recebi telefonemas de jovens arquitectos de todo o mundo, e da minha mae, a perguntar como é que é possível fazer em tres semanas um projecto que normalmente demora tres meses (a minha mae, no fundo, queria só saber se eu estava a tentar matar-me).
Bom, mas a verdade é que nao é possível. Os dois meses que sobraram vao ser gastos a rever, compatibilizar ou corrigir quase tudo o que foi feito antes, apressadamente. Nao adianta mesmo tentar fazer dele um sprint : um projecto é uma corrida de 10,000m.
Há até quem diga que é uma maratona, embora isso seja exagero, porque a maratona é uma coisa verdadeiramente tramada; aliás, basta ver que o vosso engenheiro, com tanta prática de projectos, ainda só corre meias-maratonas.
Seja como for, o essencial é saber dosear o esforço, de maneira a trabalhar sempre num ritmo elevado, sem nunca quebrar. E nao obstante, tal como os corredores de fundo dao por vezes uns arranques estratégicos, assim também nós em certos momentos ainda temos que acelerar, e fazemos umas noitadas.
Nessas, diga-se de passagem, eu trazia bastante treino de Lisboa, embora tenha sido uma das (poucas) coisas de que nao me gabei na entrevista.
Só que, aqui, está a custar-me muito mais faze-las. Nao as noites em si; nao porque ele esteja mais frio nem porque eu esteja mais velho, mas sobretudo por causa das manhas. É que, no dia seguinte, eles insistem em falar comigo, esperam que eu os oiça e até que lhes responda... em ingles!
Ora eu, com menos de quatro horas de sono, entro num estado de piloto automatico ("morto-vivo", segundo a Ana) que sempre achei razoavelmente proficiente, mas cujo leque de aptidoes (descobri agora) está afinal muito longe de incluir tais capacidades.
Talvez isto diga qualquer coisa sobre o grau de dificuldade da nossa profissao: nao será qualquer uma que se pode desempenhar perfeitamente num estado mental tao deplorável.
Mas talvez tambem o ingles nao seja tao fácil quanto parece... Por alguma razao, nos filmes, os zombies falam muito pouco, e quase nao se percebe nada do que dizem.

2 comentários:

Anónimo disse...

nada como começar o dia a ler as aventuras do nosso capacete noctívago!! :)
Bem só espero que esse ritmo diminua; que isso não se torne um hábito aí para os lados dessa ilha.

capacete disse...

Sanina, obrigado pelo esforço.
Nao sei porque, mas acho que os comentadores habituais foram um pouco injustos ao ignorar este post...