quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A segunda pedra

Agora que alguém já atirou a primeira, deixem-me dizer-vos que também a mim, mesmo a estes quilómetros todos de distancia, me irritaram bastante os deolindos.
Nao querendo que percam demasiado tempo com outros blogues, sempre acho que vale a pena ler o post. Concordo com tudo o que a senhora diz (um bom hábito aprendido cá em casa). Mas ainda queria acrescentar, exclusivamente da minha lavra, dois motivos de irritaçao: o primeiro, uma questao de forma; o segundo, de substancia.
É impressao minha ou, lá no hino deles, há um verso que diz "e ainda me falta o carro pagar"? Isto, a meu ver, é muito mau. Chutar assim para o fim das frases os verbos postos no infinitivo, de forma a rimarem uns com os outros, é uma espécie de grau zero da poesia em língua portuguesa, e devia ser proibido a qualquer aspirante, logo a partir do fim da quarta classe. Ainda por cima, dizem que é música de intervençao. Eu nao é para armar em chato, mas desconfio um pouco das capacidades deste trovador para escapar ao lápis azul, usando metáforas e outros recursos estilísticos assim... bué subtis.
Agora a mensagem de fundo da cançao, devidamente matraqueada no refrao, é este suposto paradoxo de hoje em dia, em que para ser escravo é preciso estudar! A ideia é que se trata de uma geraçao duplamente penalizada: nao só tiveram que estudar, como agora tem uns empregos com poucas condicoes. Um enorme sacrifício que nao os poupou a um imenso martírio. Adianta dizer alguma coisa a esta gente? Assim, por exemplo, que estudar é um privilégio, e até mesmo um prazer, que se justifica por si só? E que sim, que talvez um salário mais magro ou uma carreira mais atribulada possam ser preços justos a pagar para lhe aceder? Apetecia-me dizer-lhes isto, mas nao vou faze-lo, porque provavelmente me respondiam: "que parvo que tu és!"

4 comentários:

pmarques disse...

não é por acaso que sou tua amiga!

rantanplan disse...

Vocês não vêem que nos morangos com açúcar e nas novelas o pessoal anda sempre penteado de cabeleireiro, e com a unha arranjada, e maquilhado, e as casas estão totalmente decoradas, e anda-se de carro, e há bué telemóveis e assim?
Como é possível, mas como é possível que "em realidade" (diria o meu mais novo dos que falam) não haja dinheiro para isso????

pmarques disse...

ah! és mesmo tu que fazes o questionário da direita!? um post paralelo... vou responder
:)

pmarques disse...

já está fechada a sondagem... mas é óbvio que é a última!