quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sustos matinais

Claro que na cidade há outros, e porventura maiores, imprevistos.
Mas aqui acontece, certas manhas em que saio muito cedo de casa, quando o dia ainda está a raiar e apenas se veem algumas luzes nas janelas, quando o único sinal de haver mais vida na rua sao as garrafas de leite e os jornais deixados às portas por alguém que já nao vejo, quando o silencio ainda é tao grande que escuto cada um dos meus passos e a minha respiraçao contra o ar gelado, perceber sem querer pelo canto do olho um movimento numa sebe ao pé de mim, ouvir um restolhar de ramos e folhas que se confunde com um bater de asas, estacar de repente o passo com o coraçao aos pulos porque uma sombra preta se cruza mesmo à minha frente, e depois ficar a ver afastar-se para a árvore mais próxima o melro que eu sem querer desinquietei, assim logo pela manha.

4 comentários:

pmarques disse...

mas se há bicho com o sono leve são os melros... no nosso jardim dormem, normalmente, dois machos. e é vê-los saltar assim que abrimos uma portada, interior, silenciosamente, para não acordar as crianças dentro de casa...

capacete disse...

obrigado pelo esforço, amiga. mas, como já viste, estamos rodeados de insensíveis...

pmarques disse...

juro-te que pensei "este passou-se!", mas achei melhor entrar na onda... isto aqui está mesmo mau.

capacete disse...

Está mau, está! Deve ter sido dessa lei que aprovaram, agora é uma pouca vergonha: onde é que já se viu, dois machos assim às claras no jardim?