quinta-feira, 18 de junho de 2009

Fim de tarde

Por estes dias, tenho conduzido pouco.
Normalmente faço-o ao fim-de-semana, transportando a família, a merenda, o rádio, a GPS e os clássicos da Disney em DVD, tudo à molhada, o que nem sempre é uma experiencia relaxante. Estimo muito, por conseguinte, cada um dos quinze minutos de viagem, quando vou sozinho ao fim de certos dias, buscar a Sara ao ginásio de Crewe.
Ultimamente, andava a faze-lo ao som da Nina Simone. Mas na quinta-feira passada, quando carreguei no play, convencido que íamos retomar o momento mágico da véspera, o Fungagá da Bicharada tomou-me o carro de assalto. Obviamente, a Matilde tinha conseguido impor o seu gosto, na curta viagem da creche para casa.
Ora, aqui, é muito mais difícil trocar um CD em andamento, porque a mao que fica livre para vasculhar as bolsinhas de plástico é a esquerda (eu acho). Dadas as dificuldades do momento, contentei-me com a antologia da Elis que me apareceu à frente, e que já nao ouvia há meses.
Saltei umas quantas músicas (há ali algumas ao princípio que, na verdade, ainda podiam ser do Barata-Moura), até encontrar aquela sequencia mais famosa: Atrás da Porta, Fascinaçao, Me Deixas Louca, Tatuagem, Dois pra Lá Dois pra Cá.... Eu sei que me emociono com alguma facilidade, mas esta Pimentinha exagera.

Já a meio da viagem, e depois de uma pequena introduçao instrumental, ela arrancou, naquela voz simultaneamente arrastada e cristalina: «Eu quero uma casa no campo, do tamanho ideal...» Ora, este verso (os mais próximos lembrar-se-ao) foi aquele que me entrou no ouvido e afixou no cerebelo, de modo que nao conseguia parar de repeti-lo, durante as semanas que antecederam a nossa partida, assim como que a dar o mote para a mudança de vida. Mas, nessa altura, eu estava longe de adivinhar quao certeira era a frasezinha.
Com a música por fundo, espraiei o olhar em redor. Viémos mesmo parar ao campo. E que bonito é: cultivado, planeado, fértil, rico, civilizado. A estrada serpenteia deliciosamente por entre os verdes, e a gente segue nela de janelas totalmente abertas, sem qualquer tipo de sobressalto.
O dia tinha estado maravilhoso. Um verao como eu sempre achei que ele devia ser: o sol bem descoberto, aquecendo mas sem queimar; de vez em quando uma brisa freca; a humidade do dia anterior nas folhas, a lembrar que talvez ainda chova um bocadinho, mais tarde. Tudo certo, tudo no sítio.
Só que depois a Elis chegou lá a um verso, ao qual eu nunca tinha dado muita atençao, que diz: «...onde eu possa plantar meus amigos, meus discos, meus livros e nada mais!». Os discos e os livros, ainda vá. Mas os amigos é que nao estou mesmo a ver maneira de trazer daí para aqui... Bateu uma saudade, né?

5 comentários:

pmarques disse...

a gente bem tenta, amigo... mas ainda não deu. o lastro é muito :) e só mesmo de visita que a tua descrição do campo não me emociona nem um bocadinho. deixa lá isso, faz bem ter saudades! mas é bom saber...
p.s. também foi bom rever a elis.

rantanplan disse...

Posts destes não valem, ok?
Parece-me bastante óbvio que o objectivo do blog é o capacete e os comentaristas não perceberem que têm saudades, e andarem enganadinhos de proximidade.
Portanto, não valem, ok?
Ainda por cima, ao contrário da pmarques, eu cá tenho nostalgia do campo (tem que ver com a casa na pradaria na tv, nos eighties, acho eu.. pelo menos, parece-me a causa mais próxima)

Bjs e ficamos então assim, ok?

capacete disse...

Foi uma fraquezazinha, mas está ultrapassada. Nao se fala mais nisso.
Mas, já que se fala de campo, e há opinioes tao dispares, nao resisto a partilhar este, que (por motivos óbvios) nao foi escolhido para link do post:
http://www.youtube.com/watch?v=bfI_Aop_3U0

pmarques disse...

a casa na pradaria e a elis no meio das vacas... isso é de família, já se vê!
bu! nãos tens comentários a fazer?

JoanaM disse...

Há que fazer novos amigos por ai para adicionar aos que aqui estão sempre para quando regressam!