sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Sandwiches

Agora que o assunto do carro e do transito parece finalmente dominado, começa a ser altura de enfrentar outro dos maiores receios com que embarquei nesta aventura rumo ao Reino Unido: a transformaçao do almoço em sandwiches.

Nao é uma preocupaçao imediata: ao jantar continuamos a fazer refeiçoes completas, e a Ana conta sempre com uma dose extra, para o meu almoço do dia seguinte. Mas às vezes – sempre que é caril, pelo menos – a medida sai-lhe errada (ou talvez realmente eu coma um poucochinho mais) e nao sobra nada.

Por outro lado, quando for trabalhar, eu pretendo fazer as minhas próprias sandwiches, com produtos a meu gosto (nomeadamente legumes lavados), e nada como começar a praticar em casa, onde há sempre uma pizza de emergencia.

As minhas primeiras tentativas fracassaram: nao consegui encontrar ingredientes essenciais, como bacalhau à zé-do-pipo ou arroz de cabidela, e a sopa de couve lombarda com massinhas nao se aguenta entre as fatias de pao.

Mas houve um dia em que, simplesmente, fiz a melhor sandwich do mundo. Admito que cheguei lá por acaso: enquanto torrava duas fatias de pao de forma integral, grossas o suficiente para ficarem estaladiças à superfície mas moles no interior, pus para fora tudo o que estava no frigorífico. Umas das fatias foi encharcada em boa manteiga gorda e salgada, e generosamente coberta com aquele fiambre suculento, revestido com graos de mostarda e pimenta. Cortei um tomate às rodelas, deixando o sumo ensopar a outra fatia, e polvilhei-a com orégaos.

Ia terminar a coisa com umas fatias de Cheddar, mas um pouco a contragosto, porque estava mesmo a ver que assim nao ia conseguir ligar o tomate ao fiambre. Entao, reparei num queijo de cabra do País de Gales, que andava para lá meio esquecido porque tinha sido comprado por engano, num dia em que queríamos requeijao para uns crepes. Tinha a consistencia de uma argamassa fresca, e apliquei a quantidade normalmente indicada para assentar tijolo ceramico, apertando até refluir a toda a volta.

E pronto, é isto a melhor sandwich do mundo. Se deixo aqui tantos pormenores, nao é porque deseje fazer inveja a ninguém, mas para que possam comprovar voces mesmos. Nao se deixem assustar com o ar sofisticado dos ingredientes, tenho a certeza de que na mercearia do sr. Manel, mesmo ao lado do atelier, arranjam tudo, igual ou melhor.

Se tiveram algum chutney por perto, podem sempre ir barrando o topo da sandwich que estao prestes a trincar. Para acompanhar, qualquer cerveja bem fresca serve (estou mesmo convencido que até uma Lager fraquinha, daquelas com que os arquitectos desempregados enchem o frigorífico, vai muito bem...). Saúde!

PS: este é mesmo o tipo de post que nao devia aparecer sem uma imagem. Peço desculpa pela falta, mas a nossa máquina fotográfica tem uma velocidade de obturaçao demasiado baixa para registar o fenómeno.

4 comentários:

Anónimo disse...

este é o tipo de post que confirma o que temia: rapidamente te adaptaste a essa falta de exigência gastronómica!
a melhor sandes do mundo é: pão escuro com brie, pedaços de pessego fresco, nozes e cebolinho fresco cortado na hora :))

capacete disse...

és capaz de ter razao, nessa tua preocupaçao.
a tua sandes parece óptima. hei-de experimentar faze-la... para aperitivo da (única e inimitável)melhor sandwich do mundo!

Anónimo disse...

não mordeste o isco?! ou até mordeste... já te estou a ver a resmungar... "'sandes', que é isso?! 'sandes'... não conseguem, estas pessoas não conseguem... sanduíche! ou sandwich, à inglesa, como a minha!"

capacete disse...

eheh! agora estiveste mesmo bem! claro que reparei, mas nao sabia que tb tu estavas atenta a essa pequena/grande diferença...
mas agora fora de brincadeira, se tiveres mais receitas, agradeço: acho q vou ter oportunidade de experimentar todas.